sábado, 17 de novembro de 2012

26 - NAZARÉ DA MATA

ALIANÇA 

(Pertenceu ao município de Nazaré da Mata até 1928, quando houve a emancipação do município)

A história da usina Aliança representa, talvez, a própria história do Município onde está localizada. Foi nas suas terras ou em partes delas, nos engenhos Laureano, Sítio Novo e Mata Limpa onde se desenvolveu o referido município.
Seus fundadores foram Luiz Ignácio Pessoa de Melo, João Brito de Albuquerque Veiga, Walfredo Luiz Pessoa de Melo e Belarmino Luiz Pessoa de Melo, todos cidadãos brasileiros e domiciliados na época no Município de  Nazaré da Mata. Eles constituíram a firma Pessoa de Melo & Cia. Os lucros verificados nos balanços anuais eram distribuídos igualmente entre os sócios. Com o falecimento de um dos sócios, a sociedade não se dissolvia; continuava com herdeiros do sócio falecido. Em 15 de setembro de 1914, saiu da sociedade João de Brito de Albuquerque Veiga e entrou João de Melo Filho. Posteriormente, o Sr. Melinho, como era conhecido João Joaquim de Melo Filho, vende sua parte ao Sr. Belarmino Luiz Pessoa de Melo, ficando este com 2/3 de todo o capital da usina. Um dos membros fundadores, o Sr. Luiz Inácio Pessoa de Melo, exerceu algumas funções públicas.
O Cel. Luiz Inácio Pessoa de Melo, deixou sete filhos: Pedro Luiz, Belarmino Luiz, Serafim, Maria Digna, Helena, Tereza e Maria Alice. O primeiro foi juiz de direito em Nazaré da Mata no período de 1908 à 1914, passando a fazer parte da sociedade Pessoa de Melo & Cia. a partir de 1°de setembro de 1915. O segundo, Belarmino Luiz Pessoa de Melo, foi prefeito de Nazaré no período de 1925/1928. Que era casado com D. Evangelina, irmã de José Ermírio Barroso de Morais, um dos maiores industriais do país, e dono do engenho Santo Antônio, próximo de Lagoa Seca, hoje Upatininga, distrito de Aliança.
Em 1924, José Ermírio, foi gerente geral da Usina Aliança. Em 1962, elegeu-se Senador pelo Estado de Pernambuco, sendo, mais tarde Ministro da Agricultura no Governo João Goulart. Walfredo Luiz, casado com D. Anita Guerra, foi senador e prefeito de Aliança. Como prefeito, construiu o prédio da prefeitura e da Igreja Matriz que ainda fazem parte dos monumentos históricos de Aliança.
O Município da Aliança é constituído por 83 engenhos de cana-de-açúcar, tendo como um dos maiores fornecedores de cana do Estado, destacando-se entre eles: o de Jucá datado de 1879, Jaguaribe com referência do ano de 1924, bem como de Pirauá, onde mantém suas características originais. Destacando-se a casa grande (moradia do senhor de engenho), senzala, capela, curral, açude e a casa do engenho (moita), onde continha o maquinário e as edificações necessárias para a moagem da cana e o fabrico do açúcar. Fazendo-se uma comparação na produção de açúcar (sacos) e álcool da Usina Aliança com a Usina Barra – localizada no Município de Vicência a 9 km de distância entre as duas usinas – observa-se que na produção de açúcar (sacos) em 1930/1931 da Usina Aliança foi aproximadamente 10,4 vezes maior que a produção da Usina Barra, no mesmo ano. Já na Usina Aliança em 1933/34 a produção de açúcar (sacos) caiu em relação a safra anterior, mas na Usina Barra no mesmo período a produção cresceu aproximadamente 48,25%. Verifica-se que, da safra da Usina Aliança de 1933 até a safra de 1950/1951, a produção cresceu de 104.206 sacos para 210.887, tendo um aumento considerável de 106.681 sacos de açúcar, enquanto que na Usina Barra o aumento da produção no mesmo período foi de 10.000 sacos de açúcar para 76.550 sacos. A produção do álcool só veio aparecer em 1945/46 sendo a produção da Usina Aliança 4,2 vezes maior que a da Usina Barra no mesmo período
O transporte da cana para indústria neste período era feito através de mulas e bois etc. Posteriormente, o transporte foi realizado em trens, com o surgimento das estradas de ferro e mais tarde por transporte rodoviário.
A Usina Aliança, de início, fez construir uma rede ferroviária com mais de 8 quilômetros de extensão, acompanhado o curso do Rio Sirigi, alcançando o Engenho Pendência, na extremidade oriental do Município de Aliança. Dela partem ramais para Cipó Branco e Oiteiro Alto. Dessa maneira a usina não faz depender tanto sua moagem do transporte rodoviário, embora utilize cerca de 50 caminhões próprios e alugados, durante a safra, no transporte da cana.
A cidade cresceu à sombra da usina Aliança, além de ter sido uma fonte empregadora de mão-de-obra, contribuiu sensivelmente para a receita do município através dos impostos recolhidos. Pernambuco possuiu mais de cem usinas de cana-de-açúcar, onde a usina Aliança destacou-se por ter uma boa localização na zona da mata-norte.
Em 1914, uma capela em louvor a Virgem da Conceição foi construída cuja a festa em honra à Mãe de Deus, durante décadas, se revestiu de grande pompa, sendo considerada uma das mais animadas festas do Estado. Em 1960, aquela capelinha sofreu uma grande reforma o que descaracterizou totalmente a sua forma primitiva. Todo o arsenal artístico do início do século criminosamente ruiu. Hoje, um monumento católico em linhas moderníssimas, a igreja da Imaculada Conceição nada guarda a lembrança da pequenina capela. Seu altar está revestido no mais legítimo e rico mármore carrara italiano; e na sacristia, imagens barrocas do século XIX; seu frontispício é composto por três portas e três janelas na parte superior com cornijas em cima das mesmas e na parte mais elevada do frontão há uma cruz de cimento encimada em uma torre piramidal, com óculos vazadas em suas laterais (o anterior, em madeira trabalhada no estilo gótico e jônico).
É muito provável que as imagens atualmente recolhidas à sacristia e sob severa vigilância que ornaram os antigos altares da capelinha, tenham pertencido a capela do Engenho Velho (ricas peças de madeira, ouro e prata). E durante muitos anos era realizada uma grande festa em homenagem à mãe de Deus, que foi considerada uma das maiores do Estado.
Mereceu destaque a Estação Ferroviária de Aliança, datada de 01/01/1883, construída pelos ingleses, que teve sua importância para economia do Município, com o escoamento da produção da agroindústria do açúcar, e transporte de passageiros com destino à capital e cidades circunvizinhas, mas se encontra em estado de abandono.
A ação antrópica modificou e vem modificando grande parte da natureza. Com a Usina Aliança não foi diferente, desde sua fundação foi necessário o desmatamento parcial, para a implantação da cultura da cana-de-açúcar no Município. Hoje, restam alguns vestígios de matas isoladas no cume de pequenas elevações.
Nos anos de 1984 a 1989, a empresa no seu auge de produção de açúcar e álcool, trouxe a Município de Aliança o progresso. Neste período, a usina empregava só de empregos diretos e indiretos cerca de 2500 funcionários. Nas entrevistas realizadas foi observado, o local de residência dos funcionários obtendo-se como resultado que 82% dos funcionários residem em Aliança. A usina, entretanto, acarretou para o município vários impactos ambientais como: a derrubadas das matas sem um estudo de reflorestamento para o mesmo, poluição dos rios com as caldas e vinhoto jogados aos rios, e o empobrecimento do solo com as queimadas, ato muito usado pelos proprietários quando a usina estava em funcionamento.
No início dos anos 90, a indústria aliancense começou a sofrer graves crises econômicas, como tantas outras usinas no Estado de Pernambuco, provocadas pela seca neste período e também a falta de interesse dos usineiros em investir no campo e na indústria, onde os mesmos achavam melhor investir na sua indústria do sul. Em uma das suas últimas safras no ano 91/92 foram fabricados 560.000 sacos de açúcar de 50kg moendo 600.000 toneladas de cana.
Sem mais condições de investir e manter a usina em funcionamento, a família Pessoa de Melo arrendou a indústria e o campo ao Grupo Luismar Melo, filho do Sr. Bolívar, dono do engenho Cueiras, homem muito sério, o qual, junto com o cunhado Paulo Fernandes Morais, já eram os maiores produtores de açúcar de Pernambuco e Paraíba. Dessa forma, propuseram-se a arrendar a usina. Constituíram uma sociedade -Santa Emília - para esse propósito, em 1994. O grupo trabalhou na referida usina por aproximadamente dois anos e encerrou a produção no ano de 1995 a 1996.
O Governo de Pernambuco e o Governo Federal retomaram as negociações para a implantação de um amplo programa de Reforma Agrária, visando mudar a face da Zona da Mata, objetivando assim que as terras dos engenhos da usina Aliança, pudessem ser as primeiras terras incluídas no programa, em função do avançado processos de avaliação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária(INCRA). A área da usina chega a 7mil ha com um patrimônio estimado em R$ 20 milhões, incluindo a planta industrial.
A Usina Aliança, cuja falência foi decretada em 1997, engloba uma área com 22 engenhos que totalizam 7,2 mil hectares. Muitos aliancenses e trabalhadores das cidades vizinhas ficaram sem emprego um total de 1400 trabalhadores esperando uma indenização trabalhista cujo o pagamento só ocorreria na justiça. Alguns ex-funcionários receberam seus direitos trabalhistas em forma de terras; outros por sua vez ainda esperam uma resposta na justiça. Revoltados com a situação de espera, trabalhadores rurais sem-terra chegaram a invadir a usina em abril de 2001, e atearem fogo na casa grande e organizaram na frente da usina um movimento que ocupou as ruas da cidade.
Em 24, de maio de 2004, o Presidente da República em exercício José de Alencar, assinou o decreto de desapropriação de dez engenhos pertencentes à Usina Aliança, na Mata Norte de Pernambuco, totalizando cerca de 3,2 mil hectares aptos para reforma agrária.
Em 25 de setembro 2005, mais um ato do MST, invadindo novamente a Usina Aliança, onde atearam fogo em outra casa grande e no maquinário que resta na usina, por volta das sete horas da manhã do domingo.
O protesto teve como objetivo pressionar o INCRA a assinar a imissão de posse da área, que foi desapropriada pelo governo federal em maio do ano passado.

O delegado do Município, à frente do inquérito que investigou o incêndio na Usina Aliança, ocorrido em 25 de setembro de 2005, após a invasão por um grupo de agricultores ligados ao MST, pediu para que o Instituto de Criminalista fizesse uma perícia nos locais destruídos pelos sem terras. De acordo com o delegado tratou-se de uma ação criminosa. Desta vez, atearam fogo na outra casa grande, onde residia a proprietária da usina Aliança, e também colocaram fogo em equipamentos usado na moagem da cana-de-açúcar, no escritório da usina em janelas da parte física da usina.

MATARY


Localizada no município de Nazaré da Mata, a usina Matary foi fundada em 1912, no engenho do mesmo nome, por Serafim Velho Camello Pessoa de Albuquerque e seus filhos.
De 1912 a 1917 a usina passou por grandes dificuldades financeiras. Vários sócios se desligaram da empresa, ficando apenas como proprietários os irmãos José e Metódio Maranhão e seu cunhado José Queiroz. Com esses três sócios, foi criada a firma Pessoa, Maranhão & Cia, que administrou a usina até 1946.
Posteriormente, Luiz Maranhão, filho de José Maranhão e neto do fundador, tornou-se o sócio majoritário da usina. Em 1929, a usina possuía diversas propriedades agrícolas, 25 quilômetros de ferrovia, 3 locomotivas e 79 vagões. Tinha capacidade para trabalhar 500 toneladas de cana e fabricar 4.000 litros de álcool em 22 horas. Durante a moagem trabalhavam na fábrica cerca de 70 operários.
Possuía um vila operária, escolas e associação de beneficência. Em 1950 e 1951, produziu 182.933 sacos de açúcar de 60 quilos, obtendo um rendimento médio por tonelada de cana moída de mais de 103 quilos de açúcar. Atualmente, a usina da família Maranhão, encontra-se entre as maiores usinas do Estado de Pernambuco.

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