quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

1 - APRESENTAÇÃO


O objetivo deste blog é mostrar as usinas de açúcar e destilarias de álcool de Pernambuco, desde o momento em que começaram a ser implantadas no Estado. Vamos apresentar as unidades industriais nos municípios onde foram construídas originalmente e a quem pertencem atualmente, uma vez que muitas vilas ou distritos onde elas estavam localizadas, hoje estão emancipados.

Esperamos receber contribuições dos acompanhantes deste blog no sentido proceder a devida correção de dados, datas e nomes de pessoas que estejam em desacordo com a história de cada usina e, se possível, o envio de fotografias. A maior parte delas está com o histórico completo, mas, de outras, tudo que conseguimos foi apenas o nome e a localização.
Obrigado a todos que se interessam pela matéria e vamos nos divertir juntos com a cana-de-açúcar e seu processamento até chegar aos produtos finais: mel, açúcar, rapadura, cachaça e/ou álcool.




2 - A CANA DE AÇÚCAR EM PERNAMBUCO



No Brasil, o plantio da cana-de-açúcar, matéria prima das usinas, foi iniciado na Capitania de São Vicente, no ano de 1522. As primeiras mudas foram trazidas da Ilha da Madeira, por Martim Afonso de Souza.
Foi em Pernambuco, porém, que ela floresceu, encontrando condições ideais para seu desenvolvimento nas terras úmidas no solo de massapê. Em 1553, Duarte Coelho Pereira trouxe também da Ilha da Madeira, a chamada cana crioula, que durante três séculos, foi a variedade dominante cultivada em Pernambuco. Há indicações que já havia anteriormente, cultura de cana-de-açúcar nas terras de Itamaracá. No início do século XIX, a cana crioula foi substituída pela cana caiana, quando os portugueses trouxeram essa variedade da Guiana Francesa e a introduziram aqui. Só depois foram sendo introduzidas variedades híbridas, oriundas das Antilhas, da Índia e da Indonésia.
A cana-de-açúcar é plantada na zona da mata de Pernambuco, na chamada zona canavieira há quase 5 séculos. A área cultivada tem cerca de 12 mil km2, fica situada próxima ao Oceano Atlântico, possui solos ricos para a agricultura, onde não há ameaças de secas e os rios são perenes. Desde 1502, no tempo do Brasil Colônia que se cultiva a cana de açúcar. Na época da casa grande, e da senzala, das feitorias e depois já nos velhos engenhos, produzia-se açúcar.
No início, os engenhos de açúcar deviam ter sido movidos à tração humana, como as casas de farinha. Depois evoluíram para a tração animal (bois e éguas) e para os engenhos d´água. Só a partir do século XIX é que seriam introduzidos em Pernambuco os engenhos movidos a vapor e haveria uma revolução no comércio e indústria do açúcar, uma vez que na Europa, a beterraba passou a ser utilizada na produção de açúcar, oferecendo-se um produto de melhor qualidade ao mercado consumidor.
O Brasil precisou fazer modificações na sua produção, construindo ferrovias e implantando modernos engenhos de açúcar. Nas últimas décadas do século XIX, alguns proprietários mais ricos e empreendedores, melhoraram as condições técnicas dos seus engenhos, com a implantação de máquinas para a produção do açúcar cristal. Esses engenhos modernos seriam chamados de engenhos centrais e usinas.
A partir de 1871, houve uma mudança gradual na agroindústria açucareira em Pernambuco, com a decadência dos antigos engenhos banguês (que produziam um açúcar de cor escura, mascavo) e sua substituição pelos engenhos centrais e usinas. Foram poucos os engenhos banguês que conseguiram sobreviver até a segunda metade do século XX.
Pernambuco que já foi o primeiro produtor de cana do Brasil, hoje, é o sétimo, tendo sido ultrapassado por São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul e Alagoas (dados de 2013).


3 - O ENGENHO COLONIAL




O que era o engenho colonial?
Era a unidade de produção de açúcar no Brasil Colonial. Compreendia as terras cultivadas, instalações voltadas para a produção de açúcar e moradias. Eram propriedades dos senhores de engenho, ricos proprietários rurais que produziam açúcar para a exportação.
Partes do engenho colonial:
- Casa-grande: residência da do senhor de engenho e sua família. Era o centro de poder do engenho colonial.
- Senzala: moradia dos escravos que trabalhavam no engenho. Era, geralmente, um local rústico e pouco adequado a moradia humana em função de suas péssimas condições. Na maioria dos engenhos, havia correntes onde os escravos eram acorrentados a noite, para evitar fugas.
- Casa dos trabalhadores livres: pequenas residências simples que seriam de moradia para os empregados do engenho que não eram escravos. Habitavam estas casas os funcionários do engenho como, por exemplo, capatazes, operadores das máquinas do engenho e outros funcionários especializados. Estes recebiam salários pelos serviços prestados e, geralmente, eram brancos ou mulatos.
- Moenda: maquinário usado no processo de fabricação do açúcar. Era uma espécie de triturador composto por rolos, que servia para esmagar a cana-de-açúcar a fim de se obter o caldo da cana. O moenda podia funcionar através da força (energia) gerada por bois, água (através de moinho de água) ou humana (escravos).
- Capela: local onde ocorriam as missas e outros rituais religiosos (casamentos, batismos e etc.). De origem portuguesa, a maioria dos senhores de engenho e sua família eram católicos. Em muitos engenhos, os senhores obrigavam os escravos a assistirem as missas.
- Canavial: correspondia a cerca de 20% do engenho colonial. Era o espaço destinado ao plantio da cana-de-açúcar.
- Curral: local onde eram criados os animais usados no engenho colonial. Os bois e cavalos eram usados no transporte de pessoas e mercadorias. Já as vacas e porcos eram criados para a produção de carne voltada para o consumo interno do engenho.
- Plantações de subsistência: geralmente cultivadas pelos trabalhadores livres, eram destinadas a produção de verduras e legumes para o consumo no engenho.
- Rio: geralmente os engenhos de açúcar eram instalados em áreas próximas aos rios. Como não havia sistema de água encanada na época, os rios eram de fundamental importância para a irrigação dos canaviais e também para a obtenção de água para o consumo humano e animal. Em muitos engenhos havia uma roda d’água que servia para gerar energia e movimentar a máquina de moer cana.
- Reserva florestal: parte da vegetação nativa era preservada. Nestas matas, eram retiradas madeiras que serviam para abastecer os fogões a lenha do engenho.
Você sabia?
No começo da colonização do Brasil (segunda metade do século XVI), a palavra engenho era usada para designar apenas as máquinas usadas na produção de açúcar.