ALIANÇA
A história da usina Aliança representa,
talvez, a própria história do Município onde está localizada. Foi nas suas
terras ou em partes delas, nos engenhos Laureano, Sítio Novo e Mata Limpa onde
se desenvolveu o referido município.
Seus fundadores foram Luiz Ignácio
Pessoa de Melo, João Brito de Albuquerque Veiga, Walfredo Luiz Pessoa de Melo e
Belarmino Luiz Pessoa de Melo, todos cidadãos brasileiros e domiciliados na
época no Município de Nazaré da Mata. Eles constituíram a firma Pessoa de Melo
& Cia. Os lucros verificados nos balanços anuais eram distribuídos
igualmente entre os sócios. Com o falecimento de um dos sócios, a sociedade não
se dissolvia; continuava com herdeiros do sócio falecido.
Em 15 de setembro de 1914, saiu da
sociedade João de Brito de Albuquerque Veiga e entrou João de Melo Filho.
Posteriormente, o Sr. Melinho, como era conhecido João Joaquim de Melo Filho,
vende sua parte ao Sr. Belarmino Luiz Pessoa de Melo, ficando este com 2/3 de
todo o capital da usina. Um dos membros fundadores, o Sr. Luiz Inácio Pessoa de
Melo, exerceu algumas funções públicas. O Cel. Luiz Inácio Pessoa de Melo,
deixou sete filhos: Pedro Luiz, Belarmino Luiz, Serafim, Maria Digna, Helena,
Tereza e Maria Alice. O primeiro foi juiz de direito em Nazaré da Mata no
período de 1908 à 1914, passando a fazer parte da sociedade Pessoa de Melo
& Cia. a partir de 1°de setembro de 1915. O segundo, Belarmino Luiz Pessoa
de Melo, foi prefeito de Nazaré no período de 1925/1928. Que era casado com D.
Evangelina, irmã de José Ermírio Barroso de Morais, um dos maiores industriais
do país, e dono do engenho Santo Antônio, próximo de Lagoa Seca, hoje
Upatininga, distrito de Aliança.
Em 1924, José Ermírio, foi gerente geral
da Usina Aliança. Em 1962, elegeu-se Senador pelo Estado de Pernambuco, sendo,
mais tarde Ministro da Agricultura no Governo João Goulart. Walfredo Luiz,
casado com D. Anita Guerra, foi senador e prefeito de Aliança. Como prefeito,
construiu o prédio da prefeitura e da Igreja Matriz que ainda fazem parte dos
monumentos históricos de Aliança. O Município da Aliança é constituído por 83
engenhos de cana-de-açúcar, tendo como um dos maiores fornecedores de cana do Estado,
destacando-se entre eles: o de Jucá datado de 1879, Jaguaribe com referência do
ano de 1924, bem como de Pirauá, onde mantém suas características originais.
Destacando-se a casa grande (moradia do senhor de engenho), senzala, capela,
curral, açude e a casa do engenho (moita), onde continha o maquinário e as
edificações necessárias para a moagem da cana e o fabrico do açúcar. Fazendo-se
uma comparação na produção de açúcar (sacos) e álcool da usina Aliança com a
Usina Barra – localizada no município de Vicência a 9 km de distância entre as
duas usinas – observa-se que na produção de açúcar (sacos) em 1930/1931 da
Usina Aliança foi aproximadamente 10,4 vezes maior que a produção da Usina
Barra, no mesmo ano. Já na Usina Aliança em 1933/34 a produção de açúcar
(sacos) caiu em relação a safra anterior, mas na usina Barra no mesmo período a
produção cresceu aproximadamente 48,25%. Verifica-se que, da safra da usina
Aliança de 1933 até a safra de 1950/1951, a produção cresceu de 104.206 sacos
para 210.887, tendo um aumento considerável de 106.681 sacos de açúcar,
enquanto que na usina Barra o aumento da produção no mesmo período foi de
10.000 sacos de açúcar para 76.550 sacos. A produção do álcool só veio aparecer
em 1945/46 sendo a produção da Usina Aliança 4,2 vezes maior que a da Usina
Barra no mesmo período
O transporte da cana para indústria
neste período era feito através de mulas e bois etc. Posteriormente, o
transporte foi realizado em trens, com o surgimento das estradas de ferro e
mais tarde por transporte rodoviário. A Usina Aliança, de início, fez construir
uma rede ferroviária com mais de 8 quilômetros de extensão, acompanhado o curso
do Rio Sirigi, alcançando o Engenho Pendência, na extremidade oriental do
Município de Aliança. Dela partem ramais para Cipó Branco e Oiteiro Alto. Dessa
maneira a usina não faz depender tanto sua moagem do transporte rodoviário,
embora utilize cerca de 50 caminhões próprios e alugados, durante a safra, no
transporte da cana.
A cidade cresceu à sombra da usina
Aliança, além de ter sido uma fonte empregadora de mão-de-obra, contribuiu
sensivelmente para a receita do município através dos impostos recolhidos.
Pernambuco possuiu mais de cem usinas de cana-de-açúcar, onde a usina Aliança
destacou-se por ter uma boa localização na zona da mata-norte. Em 1914, uma
capela em louvor a Virgem da Conceição foi construída cuja a festa em honra à
Mãe de Deus, durante décadas, se revestiu de grande pompa, sendo considerada
uma das mais animadas festas do Estado. Em 1960, aquela capelinha sofreu uma
grande reforma o que descaracterizou totalmente a sua forma primitiva. Todo o
arsenal artístico do início do século criminosamente ruiu. Hoje, um monumento
católico em linhas moderníssimas, a igreja da Imaculada Conceição nada guarda a
lembrança da pequenina capela. Seu altar está revestido no mais legítimo e rico
mármore carrara italiano; e na sacristia, imagens barrocas do século XIX; seu
frontispício é composto por três portas e três janelas na parte superior com
cornijas em cima das mesmas e na parte mais elevada do frontão há uma cruz de
cimento encimada em uma torre piramidal, com óculos vazadas em suas laterais (o
anterior, em madeira trabalhada no estilo gótico e jônico). É muito provável
que as imagens atualmente recolhidas à sacristia e sob severa vigilância que
ornaram os antigos altares da capelinha, tenham pertencido a capela do Engenho
Velho (ricas peças de madeira, ouro e prata). E durante muitos anos era
realizada uma grande festa em homenagem à mãe de Deus, que foi considerada uma
das maiores do Estado.
Mereceu destaque a Estação Ferroviária
de Aliança, datada de 01/01/1883, construída pelos ingleses, que teve sua
importância para economia do Município, com o escoamento da produção da
agroindústria do açúcar, e transporte de passageiros com destino à capital e
cidades circunvizinhas, mas se encontra em estado de abandono.
A ação antrópica modificou e vem
modificando grande parte da natureza. Com a Usina Aliança não foi diferente,
desde sua fundação foi necessário o desmatamento parcial, para a implantação da
cultura da cana-de-açúcar no Município. Hoje, restam alguns vestígios de matas
isoladas no cume de pequenas elevações. Nos anos de 1984 a 1989, a empresa no
seu auge de produção de açúcar e álcool, trouxe a Município de Aliança o
progresso. Neste período, a usina empregava só de empregos diretos e indiretos
cerca de 2500 funcionários. Nas entrevistas realizadas foi observado, o local
de residência dos funcionários obtendo-se como resultado que 82% dos
funcionários residem em Aliança. A usina, entretanto, acarretou para o
município vários impactos ambientais como: a derrubadas das matas sem um estudo
de reflorestamento para o mesmo, poluição dos rios com as caldas e vinhoto
jogados aos rios, e o empobrecimento do solo com as queimadas, ato muito usado
pelos proprietários quando a usina estava em funcionamento. No início dos anos
90, a indústria aliancense começou a sofrer graves crises econômicas, como
tantas outras usinas no Estado de Pernambuco, provocadas pela seca neste período
e também a falta de interesse dos usineiros em investir no campo e na
indústria, onde os mesmos achavam melhor investir na sua indústria do sul. Em
uma das suas últimas safras no ano 91/92 foram fabricados 560.000 sacos de
açúcar de 50kg moendo 600.000 toneladas de cana.
Sem mais condições de investir e manter
a usina em funcionamento, a família Pessoa de Melo arrendou a indústria e o
campo ao Grupo Luismar Melo, filho do Sr. Bolívar, dono do engenho Cueiras,
homem muito sério, o qual, junto com o cunhado Paulo Fernandes Morais, já eram
os maiores produtores de açúcar de Pernambuco e Paraíba. Dessa forma,
propuseram-se a arrendar a usina. Constituíram uma sociedade -Santa Emília -
para esse propósito, em 1994. O grupo trabalhou na referida usina por aproximadamente
dois anos e encerrou a produção no ano de 1995 a 1996.
O Governo de Pernambuco e o Governo
Federal retomaram as negociações para a implantação de um amplo programa de
Reforma Agrária, visando mudar a face da Zona da Mata, objetivando assim que as
terras dos engenhos da usina Aliança, pudessem ser as primeiras terras
incluídas no programa, em função do avançado processos de avaliação pelo
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). A área da usina
chega a 7 mil ha com um patrimônio estimado em R$ 20 milhões, incluindo a
planta industrial. A Usina Aliança, cuja falência foi decretada em 1997,
engloba uma área com 22 engenhos que totalizam 7,2 mil hectares. Muitos
aliancenses e trabalhadores das cidades vizinhas ficaram sem emprego um total
de 1400 trabalhadores esperando uma indenização trabalhista cujo o pagamento só
ocorreria na justiça. Alguns ex-funcionários receberam seus direitos
trabalhistas em forma de terras; outros por sua vez ainda esperam uma resposta
na justiça. Revoltados com a situação de espera, trabalhadores rurais sem-terra
chegaram a invadir a usina em abril de 2001, e atearem fogo na casa grande e
organizaram na frente da usina um movimento que ocupou as ruas da cidade.
Em 24 de maio de 2004, o Presidente da República
em exercício José de Alencar, assinou o decreto de desapropriação de dez
engenhos pertencentes à Usina Aliança, na Mata Norte de Pernambuco, totalizando
cerca de 3,2 mil hectares aptos para reforma agrária. Em 25 de setembro 2005,
mais um ato do MST, invadindo novamente a Usina Aliança, onde atearam fogo em
outra casa grande e no maquinário que resta na usina, por volta das sete horas
da manhã do domingo. O protesto teve como objetivo pressionar o INCRA a assinar
a imissão de posse da área, que foi desapropriada pelo governo federal em maio
do ano passado. O delegado do Município, à frente do inquérito que investigou o
incêndio na Usina Aliança, ocorrido em 25 de setembro de 2005, após a invasão
por um grupo de agricultores ligados ao MST, pediu para que o Instituto de
Criminalista fizesse uma perícia nos locais destruídos pelos sem terras. De
acordo com o delegado tratou-se de uma ação criminosa. Desta vez, atearam fogo
na outra casa grande, onde residia a proprietária da usina Aliança, e também colocaram
fogo em equipamentos usado na moagem da cana-de-açúcar, no escritório da usina
em janelas da parte física da usina.
Meu pai e meu avô cortaram cana pra as duas usinas foi o melhor que vina palha da cana na epoca dele meu avô também
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